terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A Adivinha do Rei



Era uma vez um Rei, que era muito bom, justo e leal, em todos os reinos não havia outro  que se lhe comparasse... Mas contudo tinha um grande defeito...era muito desconfiado.
Um dia, um dos seus criados foi contar-lhe que ouvira um seu conselheiro a cantar uma cantiga em que dizia:

                    “Para subir na vida,
                    Eu tudo farei
                    Com este punhal
                    Dou cabo de El-Rei
                    Rei morto Rei posto
                    Sempre ouvi dizer!
                    Sento-me no trono e
                    Rei hei-de ser”

Ao ouvir isto o Rei ficou furioso e imediatamente mandou chamar o Conselheiro à sua presença.

O Conselheiro desmentiu tal intriga e jurou-lhe fidelidade eterna, mas desconfiado como era o Rei este não acreditou e disse-lhe que só havia um castigo por dizer tal coisa... A sua morte!

Mas como o Rei era bondoso e apreciava os bons ofícios do seu Conselheiro decidiu conceder-lhe mais uma oportunidade e propôs uma adivinha à filha deste, a qual era muito elogiada no reino pela sua inteligência e perspicácia. Havia mesmo quem afirmasse que ela seria capaz de adivinhar o pensamento das pessoas e se assim fosse o pai seria perdoado.

Então o Rei pediu ao conselheiro que dissesse á filha para ir ter com ele ao palácio mas que...

              - Não viesse nem de noite, nem de dia
              - Não viesse vestida nem despida
              - Não viesse nem calçada nem descalça
              - Não viesse a pé nem a cavalo

O Conselheiro chegou a casa muito aflito e já a contar com a morte certa, mas quando contou à filha o que se passou e o que o rei lhe pedira, esta deu uma gargalhada e pediu ao pai para ficar tranquilo pois devido à sua inteligência, esta já adivinhara o enigma proposto pelo Rei.

Assim, na madrugada do dia seguinte ela soltou os seus longos cabelos e envolveu o seu corpo neles, prendendo-os à cintura com um lenço, calçou umas meias e pediu ao criado que a levasse às cavalitas até ao palácio do Rei.


Momentos antes de o sol nascer esta chegava às portas do palácio, mas os soldados que guardavam a entrada, espantados que ficaram ao ver aquilo não queriam deixar a rapariga entrar, pois nunca ninguém tinha entrada no palácio naqueles propósitos... A filha do Conselheiro fez questão de entrar e o alarido foi tal que o Rei acordou e dirigiu-se á porta do palácio para ver o que se passava.

O Rei furioso perguntava quem se atrevia a dirigir-se a ele, em tal preparo e o que estava ali a fazer aquela pessoa e a rapariga, com  voz risonha respondeu-lhe que era a filha do Conselheiro, e que apenas estava ali a cumprir a suas ordens.

Foi então que o Rei se lembrou do que se tinha passado com o seu Conselheiro e com grande espanto seu concluiu que a rapariga tinha desvendado o seu enigma.

Esta chegara na hora em que o sol ainda não tinha nascido, mas já não havia estrelas no céu – nem de noite, nem de dia.

Tinha o corpo envolto nos seus longos cabelos – nem vestida, nem despida.

Tinha nos seus pés apenas uma meias – nem calçada, nem descalça.

Vinha ás costas do criado – nem a pé, nem a cavalo.

O Rei imediatamente se apaixonou pela rapariga. Mandou chamar o conselheiro para lhe pedir perdão, por ter desconfiado dele, pois um pai de uma filha tão inteligente só podia ser uma pessoa de bem. Prometeu que nunca mais seria desconfiado e, ali mesmo, marcaram a data do casamento e viveram felizes para sempre.

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